Lembro-me de minha maior aventura. A cidade nem cidade era de tão pequena, era uma povoa a beira mar. Do outro lado a capital do estado e no meio um rio e um mar se encontravam. Foi a muitos Verões, eu era jovem e além de pescar todo dia cedo, ia estudar na capital, o barco passava levanto os jovens para se tornar letrados. Enquanto eu esperava o barco, sempre ela passava. Uma menina linda de cabelos escuros e olhos claros, sempre estava com uma empregada que levava as compras. Logo descobri que ela morava numa mansão mais retirada era filha do “dono” da cidade. Homem poderoso e rico, que não queria que sua filha casasse. Mas logo eu queria, e depois de nos conhecermos e passar longas tardes caminhando a beira do mar frio do sul, e tomar o vento do fim da tarde no píer, ela também quis. Sabíamos que seu pai era contra, mas éramos dois a favor. E enquanto planejávamos o que fazer durante nossas caminhadas, chegou aos ouvidos dele sobre nós.
Naquela data fatídica, a noite já havia caído, o vento já a muito esfriara e nós ainda estávamos sozinhos no píer, quando ouvimos o ranger das botas dele na madeira. O pai dela vinha enfurecido. Arrancou ela de meus braços e com uma faca abriu um corte em meu braço. Eu estava sem saída e desarmado, e, matá-lo não era uma opção. Pulei na água e fugia a nado, dias mais tarde soube que minha amada havia sido mandada a um convento. Daí para frente foi fácil, segui ela até seu claustro e a tirei de lá, como seu pai a havia me tirado dos braços.
Fugimos para a capital, e vivemos durante muito tempo sem sermos importunados pelo seu pai. Eu via que isso a machucava pois era seu pai, até que um dia a herança nos alcançou. O mensageiro disse: “seu pai morreu esta manhã”, e o alívio se misturou com a dor. Voltamos e moramos durante o resto de nossas vidas ou melhor do resto da vida dela, pois fiquei viúvo no alto dos meus 50 anos. Desde então voltou ao píer, e lá fico um tempo desvairado em minhas lembranças. Meu médico disse que isso pode ser doentio, eu acho que é isso que me move, ir e voltar ao, no, do píer.
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